Teresina, 02 de maio de 2009
Autor: Dário Heider Viveiros de Abreu*
Conto:
Minha Mãe, minha vida
Era mais um daqueles dias quentes em Teresina, apesar do inverno forte que assolava o estado. O rio Poty e Parnaíba cheios, quase transbordando na região central, e eu voltando da faculdade nas minhas asas brancas, feliz, apesar das adversidades da vida. De repente um barulho, um choque, sabe lá. O ônibus para. Quebrou? Ta vivo? Como pode acontecer isso no meio de uma ponte?
É interessante que, a maior parte das coisas que fazemos é para agradar pessoas que amamos, eu, por exemplo, não saberia viver sem minha mãe, e falo sério,se ela vier a falecer sei que não suportarei também. E ai o cara morreu? Ta vivo? Ah! Que bom, o cara parece que não morreu. Meu Deus como a vida é frágil. Minha avó sempre diz que, “a morte vem é pra quem ta vivo”, e é mesmo, ela tem razão; quanto sangue derramado; a cor vermelha não me agrada, o sangue no chão, ai, as dores enormes. O que aconteceu?
Não sei como pode acontecer um acidente no meio de uma ponte, e tão grave. Parece que o carro caiu da ponte; ainda não entendi direito. Como foi isso? Hei! Você viu? Que povo mal educado não respondem o que perguntamos. Deixa pra lá. Agora tenho que ir para casa a pé.
Todos os dias a mesma coisa, faculdade, trabalhos, sonhos; tenho que realizar meus sonhos o mais rápido, ajudar minha mãe que só pode contar comigo. Tenho que confessar algo, algo que detesto muito, é tomar banho em dias frios como os que estão em Teresina e o pior, às cinco e quarenta da manhã para ir a faculdade sem falar em acordar cedo, bem cedo, mas é necessário.
A volta da faculdade para casa parece sempre tão semelhante, todos os dias a mesma coisa, como se fosse um dejavi, o asa branca o rio transbordando, parece brincadeira, mas o rio nunca baixa esse volume e não estamos mais no período de cheias.esse rio Poty é cinzento mesmo, mas depois daquele acidente ele ficou meio avermelhado. Não gosto da cor vermelha, não gosto do barulho que ele faz semelhante a gritos!
Ah! Toda vez que estou indo a faculdade, exatamente quando estou sobre a ponte do Poty, me recordo do acidente, parece que as pessoas que estavam naquele carro ainda estão gritando, acho que estou ficando parnoico, pois não consigo esquecê-lo. Foi muito triste! Não aguento mais essas dores que sinto na cabeça, acho que estou com problemas de vista, sempre quando estou lendo, minha cabeça dói, tudo isso depois daquele acidente.
No dia daquela tragédia lembro-me de muitas pessoas ao redor, trinta minutos após tudo o que havia acontecido, civis, PMs, bombeiros principalmente. Havia muitas pessoas envolvidas no acidente no meio da ponte do Poty, e sangue muito sangue! Umas vinte pessoas. As vinte pessoas caíram no rio era esse o número aproximado de pessoas que havia dentro do ônibus.
Todo dia tenho um sonho. Tenho esse mesmo sonho há três anos e meio, isso depois daquele acidente inesquecível do ano de 2009.
Tenho que confessar que adoro ir à faculdade, mas não entendo por que meus professores insistem na mesma aula. Acho que estou com algum problema de saúde, sinto dores na cabeça e coluna e sempre ouço vozes, choros e parece que a cada dia esses choros e vozes se intensificam, as minhas mãos estão sempre quentes. Tão quentes! Além de acordar cedo, sinto dores terríveis nas costas e tenho que tomar banho gelado e isso é terrível. Tenho que consultar o médico estou sentindo calafrios, sempre sinto isso, mas o mais me intriga são as mãos quentes, muito quentes.
Acho que adquiri um trauma depois que presenciei aquele acidente, aliás, eu nem vi o acidente direito, mas ouvia muitos gritos e sentia calafrios, pessoas falando eu indo para casa.
Todos os dias passo inúmeras vezes sobre a ponte e não compreendo, pois a realidade muda; às vezes sinto que estou parado sobre ela. A ultima vez que passei... . Minhas mãos! Não estão mais quentes, acho que estou melhorando, mas a quentura que sentia, agora sinto uma falta grande, pois desde então, elas ficaram frias, muito frias! E agora o que era desagradável me faz falta.
Não me recordo de onde deixei meus cadernos e livros e nem meus documentos, nem me recordo direito se eu peguei o ônibus.
Estou preocupado, pois dede aquele dia do acidente minha mãe nunca mais me ligou coisa que ela faz com frequência, e já estou ficando preocupado com ela, pois tenho o dever de filho de acolhê-la e recompensá-la por tudo que fez e faz por mim. Hoje iremos às cinco aulas de costume, mas, irei sair maia cedo, o professor dos dois últimos horários é terrível não gosto dele. Nunca saio mais cedo da aula e quando saio esse ônibus atrasa.
É muito interessante, após ter pegado aquele ônibus, me arrependi, não costumava matar aula. Próximo da ponte do Poty havia muitas pessoas desesperadas, pois um carro havia batido e matado algumas pessoas, minha curiosidade foi maior e decidi verificar não apenas de soslaio, mas, in loco, o carro estava esmagado, cinco pessoas dentro me parecem que mortas, entrei em desespero e tentei ajuda-las, quando me dei conta estava no meio da ponte e outro carro desgovernado colide comigo. Passaram-se três anos e meio com minhas mãos envoltas nas mãos que mantiveram quentes e me apoiaram em tudo, três anos e meio de choros e lamentos de amor em cima de mim e não acordava.
Hoje eu acordei em um leito de hospital, e só o que tinha era a notícia de minha mãe morta, depois de tanto ter esperança de me abraçar ainda em vida e não suportou. Não chorei, não poderia perder tempo; não poderia imaginar a vida sem minha mãe e a realidade de fracasso de não tê-la ajudado em vida. Hoje morro! Hoje vivo e finalmente a encontro na mesma ilusão em que me encontrava a encontro; ela me diz, finalmente acordou meu filho, me abraça e aquece minhas mãos novamente.
Descansamos juntos, na imaginação da vida na morte numa felicidade infinita que a própria realização da vida na matéria não poderia realizar. Minha mãe, minha vida o que a vida separou a morte uniu.
*Acadêmico de Enfermagem da FACD e aluno do curso de extensão em espanhol da UFPI.
Autor: Dário Heider Viveiros de Abreu*
Conto:
Minha Mãe, minha vida
Era mais um daqueles dias quentes em Teresina, apesar do inverno forte que assolava o estado. O rio Poty e Parnaíba cheios, quase transbordando na região central, e eu voltando da faculdade nas minhas asas brancas, feliz, apesar das adversidades da vida. De repente um barulho, um choque, sabe lá. O ônibus para. Quebrou? Ta vivo? Como pode acontecer isso no meio de uma ponte?
É interessante que, a maior parte das coisas que fazemos é para agradar pessoas que amamos, eu, por exemplo, não saberia viver sem minha mãe, e falo sério,se ela vier a falecer sei que não suportarei também. E ai o cara morreu? Ta vivo? Ah! Que bom, o cara parece que não morreu. Meu Deus como a vida é frágil. Minha avó sempre diz que, “a morte vem é pra quem ta vivo”, e é mesmo, ela tem razão; quanto sangue derramado; a cor vermelha não me agrada, o sangue no chão, ai, as dores enormes. O que aconteceu?
Não sei como pode acontecer um acidente no meio de uma ponte, e tão grave. Parece que o carro caiu da ponte; ainda não entendi direito. Como foi isso? Hei! Você viu? Que povo mal educado não respondem o que perguntamos. Deixa pra lá. Agora tenho que ir para casa a pé.
Todos os dias a mesma coisa, faculdade, trabalhos, sonhos; tenho que realizar meus sonhos o mais rápido, ajudar minha mãe que só pode contar comigo. Tenho que confessar algo, algo que detesto muito, é tomar banho em dias frios como os que estão em Teresina e o pior, às cinco e quarenta da manhã para ir a faculdade sem falar em acordar cedo, bem cedo, mas é necessário.
A volta da faculdade para casa parece sempre tão semelhante, todos os dias a mesma coisa, como se fosse um dejavi, o asa branca o rio transbordando, parece brincadeira, mas o rio nunca baixa esse volume e não estamos mais no período de cheias.esse rio Poty é cinzento mesmo, mas depois daquele acidente ele ficou meio avermelhado. Não gosto da cor vermelha, não gosto do barulho que ele faz semelhante a gritos!
Ah! Toda vez que estou indo a faculdade, exatamente quando estou sobre a ponte do Poty, me recordo do acidente, parece que as pessoas que estavam naquele carro ainda estão gritando, acho que estou ficando parnoico, pois não consigo esquecê-lo. Foi muito triste! Não aguento mais essas dores que sinto na cabeça, acho que estou com problemas de vista, sempre quando estou lendo, minha cabeça dói, tudo isso depois daquele acidente.
No dia daquela tragédia lembro-me de muitas pessoas ao redor, trinta minutos após tudo o que havia acontecido, civis, PMs, bombeiros principalmente. Havia muitas pessoas envolvidas no acidente no meio da ponte do Poty, e sangue muito sangue! Umas vinte pessoas. As vinte pessoas caíram no rio era esse o número aproximado de pessoas que havia dentro do ônibus.
Todo dia tenho um sonho. Tenho esse mesmo sonho há três anos e meio, isso depois daquele acidente inesquecível do ano de 2009.
Tenho que confessar que adoro ir à faculdade, mas não entendo por que meus professores insistem na mesma aula. Acho que estou com algum problema de saúde, sinto dores na cabeça e coluna e sempre ouço vozes, choros e parece que a cada dia esses choros e vozes se intensificam, as minhas mãos estão sempre quentes. Tão quentes! Além de acordar cedo, sinto dores terríveis nas costas e tenho que tomar banho gelado e isso é terrível. Tenho que consultar o médico estou sentindo calafrios, sempre sinto isso, mas o mais me intriga são as mãos quentes, muito quentes.
Acho que adquiri um trauma depois que presenciei aquele acidente, aliás, eu nem vi o acidente direito, mas ouvia muitos gritos e sentia calafrios, pessoas falando eu indo para casa.
Todos os dias passo inúmeras vezes sobre a ponte e não compreendo, pois a realidade muda; às vezes sinto que estou parado sobre ela. A ultima vez que passei... . Minhas mãos! Não estão mais quentes, acho que estou melhorando, mas a quentura que sentia, agora sinto uma falta grande, pois desde então, elas ficaram frias, muito frias! E agora o que era desagradável me faz falta.
Não me recordo de onde deixei meus cadernos e livros e nem meus documentos, nem me recordo direito se eu peguei o ônibus.
Estou preocupado, pois dede aquele dia do acidente minha mãe nunca mais me ligou coisa que ela faz com frequência, e já estou ficando preocupado com ela, pois tenho o dever de filho de acolhê-la e recompensá-la por tudo que fez e faz por mim. Hoje iremos às cinco aulas de costume, mas, irei sair maia cedo, o professor dos dois últimos horários é terrível não gosto dele. Nunca saio mais cedo da aula e quando saio esse ônibus atrasa.
É muito interessante, após ter pegado aquele ônibus, me arrependi, não costumava matar aula. Próximo da ponte do Poty havia muitas pessoas desesperadas, pois um carro havia batido e matado algumas pessoas, minha curiosidade foi maior e decidi verificar não apenas de soslaio, mas, in loco, o carro estava esmagado, cinco pessoas dentro me parecem que mortas, entrei em desespero e tentei ajuda-las, quando me dei conta estava no meio da ponte e outro carro desgovernado colide comigo. Passaram-se três anos e meio com minhas mãos envoltas nas mãos que mantiveram quentes e me apoiaram em tudo, três anos e meio de choros e lamentos de amor em cima de mim e não acordava.
Hoje eu acordei em um leito de hospital, e só o que tinha era a notícia de minha mãe morta, depois de tanto ter esperança de me abraçar ainda em vida e não suportou. Não chorei, não poderia perder tempo; não poderia imaginar a vida sem minha mãe e a realidade de fracasso de não tê-la ajudado em vida. Hoje morro! Hoje vivo e finalmente a encontro na mesma ilusão em que me encontrava a encontro; ela me diz, finalmente acordou meu filho, me abraça e aquece minhas mãos novamente.
Descansamos juntos, na imaginação da vida na morte numa felicidade infinita que a própria realização da vida na matéria não poderia realizar. Minha mãe, minha vida o que a vida separou a morte uniu.
*Acadêmico de Enfermagem da FACD e aluno do curso de extensão em espanhol da UFPI.
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